terça-feira, 22 de abril de 2014

Pranayama 24 horas

A palavra pranayama é derivada de dois termos em sânscrito: prana, que significa energia vital e ayama, que significa controlo e expansão. A intenção dessa prática é respirar de forma consciente. O volume desse prana, que circula dentro do nosso corpo, determina nosso nível de vitalidade.

A melhor forma de praticar os exercícios respiratórios do Yoga é se concentrar totalmente na prática, sentado de maneira apropriada, mas existem formas de trazer a prática para sua vida diária se você achar que não tem tempo suficiente para se dedicar a uma prática de meditação e pranayama.

Os exercícios respiratórios podem ser praticados em diferentes horas do dia e trazem mais luz e energia para sua vida. Os três exercícios a seguir podem ser feitos quando acordar, ainda na cama, deitado (sem travesseiro) com barriga para cima e joelhos flexionados, pés apoiados na cama afastados na distância do quadril (swara shavasana). Veja a descrição de cada um e como executá-los.

1. Adhama – Respiração abdominal
Deite-se na postura acima descrita, relaxe os ombros e traga as palmas das mãos no abdome, descansando os cotovelos na cama. Inspire pelas narinas, relaxando os músculos do abdome e expandindo-o em direcção a caixa torácica. Expire pelas narinas, contraindo o abdome e levando o umbigo em direcção a coluna. Concentre toda sua atenção na área abdominal, massageando seus órgãos internos com o movimento. Encontre o mesmo ritmo para a inspiração e expiração e relaxe sua mente nesse ritmo. Repita pelo menos 12 ciclos dessa respiração.





2. Madhyama – Respiração no diafragma
Na mesma posição, leve suas mãos para a caixa torácica de modo que as pontas de seus dedos se toquem e mantendo os cotovelos para baixo. Mantenha o peito aberto e os ombros para baixo. Enquanto inspira, expanda sua caixa torácica para fora e para cima, preenchendo o diafragma com ar. Note que as pontas dos dedos se afastam. Em sua expiração, contraia o diafragma, movendo a caixa torácica para dentro e as pontas dos dedos se juntam novamente.

Novamente a inspiração e a expiração devem ter a mesma duração.
Essa respiração ajuda a digestão e estimula o plexo solar. Repita por pelo menos 12 ciclos.

3. Uttama – Respiração torácica

Deitado na mesma posição com as mãos próximas ao quadril, inspire e expanda o tórax para cima em direcção ao tecto e as laterais do peito para fora. Expire enquanto contrai os pulmões e move toda a parte superior do tronco em direcção ao esterno, concentrando-se nesse ponto. Esse exercício pode ser feito com um bloco bem atrás do centro do coração (no espaço entre as escápulas) e outro bloco dando suporte à parte de trás da cabeça. Inspirações profundas e suaves com expirações de mesma duração; repita por pelo menos oito ciclos.

Você pode fazer os exercícios acima sucessivamente, fazendo uma pequena pausa rítmica (dois matras) entre cada fase da inspiração e então expire fazendo uma pequena pausa rítmica (dois matras) entre cada fase da expiração. Dessa forma:

Inspire no abdómen – pause por dois matras
Inspire em seu diafragma – pause por dois matras
Inspire em seu peito – pause por dois matras
Expire em seu peito – pause por dois matras
Expire em seu diafragma – pause por dois matras
Expire em seu abdómen – pause por dois matras

Você, deve fazer pelo menos três ciclos deste pranayama.

Use o pranayama como ferramenta de sua prática de introspecção e autoconhecimento, para entrar em contacto com seu Espaço Interno Sagrado, criando a abertura para conectar-se com a Fonte de Nutrição Universal.

Texto de Nubia Teixeira, que começou a praticar Yoga aos 16 anos, passou os últimos 20 anos dedicando-se às artes de cura, Bhakti Yoga (Yoga Devocional) e à dança clássica indiana conhecida como Odissi. Hoje mora na Califórnia com o seu marido Jai Uttal e o seu filho Ezra Gopal, e viaja pelo mundo compartilhando o Yoga em suas aulas de Heart Flow Yoga. http://www.bhaktinova.com/

 

quarta-feira, 16 de abril de 2014

The Habits of Happiness



Sometimes called the "happiest man in the world," Matthieu Ricard is a Buddhist monk, author and photographer.

Why you should listen

After training in biochemistry at the Institute Pasteur, Matthieu Ricard left science behind to move to the Himalayas and become a Buddhist monk -- and to pursue happiness, both at a basic human level and as a subject of inquiry. Achieving happiness, he has come to believe, requires the same kind of effort and mind training that any other serious pursuit involves.

His deep and scientifically tinged reflections on happiness and Buddhism have turned into several books, including The Quantum and the Lotus: A Journey to the Frontiers Where Science and Buddhism Meet. At the same time, he also makes sensitive and jaw-droppingly gorgeous photographs of his beloved Tibet and the spiritual hermitage where he lives and works on humanitarian projects.

His latest book on happiness is Happiness: A Guide to Developing Life's Most Important Skill; his latest book of photographs is Tibet: An Inner Journey.

terça-feira, 15 de abril de 2014

A vida... distrações, bençãos, gratidão... o alimento...



A sua vida anda no modo automático?
O mundo de hoje é repleto de distracções, de artifícios e de armadilhas que nos tiram da realidade. Cada um de nós molda um ego virtual de maneira a embelezar o seu passado, deixá-lo cheio de cores e sorrisos, sem rugas e lágrimas.
Gastamos mais tempo preocupados em ter um contacto frio com pessoas distantes, do que olhando nos olhos um do outro.
Passamos grande parte do nosso dia criando planos e nutrindo expectativas - a sexta-feira que não chega, a promoção no emprego que só fica na promessa, o dinheiro que precisamos juntar pra comprar não se sabe o quê - ansiando por um futuro que nunca chega.
Enquanto tudo isso nos distrai, a nossa vida segue no presente, no aqui e agora. A realidade - enquanto os nossos ouvidos estão tapados por um headphone e os olhos presos em uma tela – forma-se à nossa volta, e tenta contagiar-nos. Mas os nossos sentidos andam anestesiados por estímulos irreais, que nos tiram do nosso tempo.

Abandone a Zona de Conforto!
Pra sair desse círculo vicioso, nada melhor que um movimento brusco; um chacoalhão no corpo pra fazer a energia circular, deixando os sentidos alertas, trazendo a realidade para a nossa percepção, nos colocando em contato com a natureza, com outros olhos, com outras almas.
É essa a proposta dos Workshops do projecto mãe terra: romper com os velhos padrões de comportamento que foram incorporados sem consciência, e que afectam negativamente a sua vida, derrubar paradigmas e preconceitos, tirar a pessoa da sua zona de conforto.
São vivências meditativas que integram a pessoa à natureza, que resgatam o sentimento de compaixão e empatia que existe em todo ser humano, melhorando o humor, a autoconfiança e o estado de espírito de cada participante.

A abundância natural da Vida!
Em todo o processo da sua vida foram-lhe dadas inúmeras coisas de graça, sem nunca ter a necessidade de as ter pedido. O problema, é que normalmente nunca se sabe pedir da forma adequada, e não se está atento aquilo que se recebe. A experiência da gratidão permitir-lhe-á participar da abundância e da realização no processo da Vida de uma nova maneira, partilhando as suas muitas bênçãos.
A natureza apoia toda a necessidade e desejo, inclusive sua necessidade de alegria, amor, risos, harmonia e conhecimento. Procure obter, primeiro, essas coisas - não só para si, como para os outros - e todo o resto crescerá à sua volta espontaneamente.

Amor o alimento da alma!
Tudo o que está doente no ser humano, está assim por falta de amor. Tudo o que está errado com o homem, está de algum modo associado ao amor.
Quando o homem não está a ser capaz de amar ou não está a ser capaz de receber amor, esse facto cria todo tipo de bloqueios, inseguranças e complexos dentro dele.
Na incapacidade de amar e ser amado, o homem torna-se cheio de feridas e doenças, que se manifestam de muitas maneiras. Podem ser doenças físicas, problemas mentais, abalos emocionais, vazio espiritual que se transforma em necessidade de preenchimento. Na ausência do amor, o ser maltrata-se, vicia-se, degenera-se, humilha-se, sente-se indigno.
Na realidade, tudo isso acontece pela ausência de amor. Assim como a comida é necessária para o corpo, o amor é necessário para a alma. Na realidade, sem amor a alma não nasce, não sobrevive e sofre terrivelmente com a sua solidão.

Ao amar e ao se abrir para o amor, a pessoa descobre que é mais do que o corpo, mais do que a mente. O Amor dá-nos a dimensão da alma e de todas as suas conexões que fazem com que o nosso coração pulse de alegria. É preciso descobrir o verdadeiro potencial da sua alma, algo que ninguém lhe pode revelar.

Cada um só o pode descobrir por si mesmo, ao percorrer o seu caminho interior, voltando-se para dentro, para a sua casa interior.

“Ame-se. Esse deveria ser o mandamento fundamental. Ame-se. Tudo o mais se seguirá, mas esse é o alicerce.”

Osho


quinta-feira, 3 de abril de 2014

Início de Actividades

Pois é...

Iniciamos actividades na Marteleira (Lourinhã), sendo que para já disponibilizamos:

Terapia de reiki
Terapia de reiki para crianças
Massagem de som com taças tibetanas
Massagem de som para crianças
Exercícios energéticos - Relaxamento e bem estar interior

Para maiores informações e marcações, envie por favor um mail para projectomaeterra@gmail.com.



Iniciamos também os cursos de Reiki Essencial

Dia 05 de Abril, pelas 10h - Curso de Reiki 1º nível

Para mais informações, agendamento de novas datas ou confirmação envie por favor o seu mail para projectomaeterra@gmail.com.

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Cuidar, servir...




"Cuidar dos moribundos torna-nos conscientes não só da sua mortalidade, como também da nossa. São muitos os véus e as ilusões que nos impedem de reconhecer que estamos a morrer, mas quando finalmente o descobrimos, e compreendemos que todos os outros morrem connosco, passamos a ter uma sensação ardente e quase assustadora da fragilidade e preciosidade de cada momento e de cada ser, o que pode dar origem a uma profunda, clara e ilimitada compaixão por todos os semelhantes."

Sogyal Rinpoche, in "Livro Tibetano da Vida e da Morte"

Como um bambu oco relaxe seu corpo...


 

Tilopa disse: “Como um bambu oco relaxe seu corpo”

Esse é um dos métodos especiais de Tilopa.

Todo Mestre tem seu próprio método especial, através do qual ele alcançou e através do qual ele gostaria de ajudar os outros.

Esta é a especialidade de Tilopa: Como um bambu oco relaxe seu corpo.

Um bambu, completamente oco por dentro...

Quando você descansa, você apenas sente que você é como um bambu: completamente oco e vazio por dentro.

E, de fato, esse é o caso: o seu corpo é exactamente como um bambu, e por dentro ele é oco.

Sua pele, seus ossos, seu sangue, é tudo parte do bambu, e dentro há espaço, vacuidade.

Quando você está sentado em completo silêncio, inactivo, a língua tocando no céu da boca (palato) e em silêncio, não tremendo com pensamentos, a mente observando passivamente, não esperando por coisa alguma em particular, sinta-se como um bambu oco.

Subitamente uma energia infinita começa a derramar-se dentro de si, você está preenchido com o desconhecido, com o misterioso, com o divino.

Um bambu oco que se torna numa flauta e o divino começa a tocá-la.

Uma vez que você esteja vazio então não há nenhuma barreira para o que divino o preencha.

Tente isto: essa é uma das mais belas meditações, a meditação de tornar-se um bambu oco… Você não precisa fazer mais nada.

Você simplesmente torna-se um bambu oco, e tudo mais acontece.

De repente você sente algo descendo em sua vacuidade. Você é como um útero e uma nova vida está entrando em você, uma semente está caindo.

E chega o momento quando o bambu desaparece completamente.
Osho, em "Tantra: The Supreme Understanding"

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

O uso oracular do I Ching

 
A ênfase no aspecto oracular do "I" variou com o tempo. No século VI a.C. era visto mais como livro de filosofia, ao passo que na dinastia Han, quando a magia teve grande papel, era visto como oráculo.
 
Como todo oráculo, exige a aproximação correta: a meditação prévia, o ritual, e a formulação precisa da pergunta. O oráculo nunca falha, quem falha é quem o consulta: se a pergunta não foi clara e precisa, isto indica que a pessoa não tem clareza sobre o que deseja saber. O ritual tem a função psicológica de focar a atenção da pessoa na consulta.
 
Mudanças nos assuntos terrestres e celestes seguem uma ordem previsível natural, com permutação causados pelo destino, o comportamento terrestre e celeste é considerado além da capacidade da humanidade de controlar e representa a Ordem Universal ou Cósmica. A única palavra "Tao", que se traduz como "Caminho," representa um modo Universal ou Cósmico.
 
Humanidade, por outro lado, exercícios de vontade livre e possui a capacidade de mudança de comportamento por escolha. I CHING captura viaja da humanidade que a Ordem Universal (Tao) e fornece conselhos com os quais pode-se fazer uma mudança significativa para a melhoria da sua própria vida. Como o I Ching identifica a posição da humanidade dentro do Tao, que também é capaz de retratar e prever circunstâncias tão facilmente como se pode prever queda de neve nos dias de inverno ou quente no verão.
 
Isto leva a um dos preceitos importantes do I Ching:
 
"Para Pessoas Superior do I Ching dá conselhos,
     relativamente às pessoas Inferior faz previsões. "
A "Pessoa Superior" é considerada como aquele que se está a esforçar para a melhoria no estilo de vida, comportamento, e acumulação de sabedoria. A "pessoa inferior" é considerada como aquele que lança questões apenas sobre os caprichos do destino.
 
Significado do I Ching
O livro do I Ching, conhecido também como “o livro das mudanças”, é um dos cinco clássicos e fundamentais livros do Confucionismo. Desde tempos imemoráveis é, sem lugar a dúvidas, o principal oráculo e o primeiro recurso espiritual dos povos asiáticos. Ademais, tem sempre tido um aumento crescente em Europa e América graças a sua misteriosa potencialidade de dar prognósticos muito detalhados a quem deseje estudá-los com atenção. O I Ching não faz uma verdadeira previsão do futuro, mas brinda uma clara visão do presente e oferece indicações sobre como enfrentar o momento actual que estamos a viver. “Vai bem mais” da pergunta que foi formulada, pondo ao nu as mais profundas verdades da natureza de nosso inconsciente; naturalmente, consultando o I Ching obtém-se também a previsão de um determinado evento, mas dependerá sempre de nossa vontade.
 
Mais da história do I Ching
I CHING - O LIVRO DAS MUTAÇÕES
Há milhares de anos o I Ching é utilizado como oráculo e conselheiro, servindo imperadores e pessoas comuns de modo imparcial. Segundo os sábios, ele pode abrir as portas do autoconhecimento e funcionar como uma chave para a compreensão do universo.
As lendas chinesas dizem que o I Ching - O Livro das Mutações surgiu num período mítico do tempo, mas a história afirma que os textos e comentários mais antigos datam do período em que teriam vivido o Rei Wen e seu filho, o Duque Chou, no século XII a.C.. A autoria do I Ching clássico é creditada ao Rei Wen e acredita-se que os comentários foram um acréscimo do sábio Confúcio (551-479 a.C.), quando de seu famoso estudo sobre o Livro das Mutações.
Para grande parte dos pesquisadores, o famoso milenar oráculo é um produto do amadurecimento sócio-cultural da China nos últimos 3000 anos. Tudo o que aconteceu de importante nesse período foi de alguma maneira adaptado e acrescentado à obra. Vários estudiosos do Oriente e Ocidente têm se debruçado sobre suas páginas com o objectivo de estudá-lo e compreender melhor os textos que, muitas vezes, tornam-se enigmas de difícil entendimento devido à linguagem rebuscada do chinês antigo.
O I Ching também teve grande influência sobre toda a filosofia chinesa, principalmente o Taoísmo e Confucionismo — duas das principais linhas de pensamento chinês. Mas essa influência não se restringiu à filosofia apenas, estendendo-se ao governo, música e artes plásticas. Várias obras foram inspiradas nas ideias contidas no oráculo e decisões de Estado foram tomadas com base no julgamento que ele apresentava.
O Livro das Mutações é tão considerado pelos chineses que foi a única obra que sobreviveu à queima de escritos e livros no período de Ch'in Shih Huang Ti, quando desapareceram dezenas ou centenas de obras que poderiam esclarecer diversos pontos da história do Extremo Oriente.
Os textos e comentários do I Ching foram trazidos ao ocidente por James Legge, em seu livro The Sacred Book of the East, XVI: The I King, editado em 1882. Foi ele quem utilizou pela primeira vez os termos trigrama (três linhas dispostas de forma vertical representando, respectivamente, de baixo para cima: a terra, o homem e o céu) e hexagrama (dois grupos de trigramas verticais), posteriormente adoptados em todos os escritos sobre o tema. Mas o grande responsável pela divulgação do no ocidente foi Richard Wilhelm em sua obra I Ching - O Livro das Mutações, publicado no Brasil pela Editora Pensamento. O volume traz comentários do ilustre Carl Gustav Jung, que se apaixonou pelo que ali está escrito, e dedicou-se ao seu estudo e compreensão durante toda a vida.
Quando os filósofos e intelectuais do Ocidente descobriram livro, começaram a perceber a grande sabedoria contida em suas palavras, que revelavam uma forma inovadora de lidar com a vida e o ser humano. A maneira como o Extremo Oriente era visto até então mudou radicalmente, com a profundidade filosófica da obra comparada aos textos de Platão e Sócrates. Não apenas isso, segundo alguns estudiosos, o I Ching pode até mesmo ser comparado a outros livros sagrados da humanidade, como a Bíblia ou a Torah, entre outros.
O "I Ching" pode ser compreendido e estudado tanto como um oráculo quanto como um livro de sabedoria. Na própria China, é alvo do estudo diferenciado realizado por religiosos, eruditos e praticantes da filosofia de vida taoísta.
O uso do Livro das Mutações como oráculo sempre foi muito controverso. De maneira geral, as pessoas buscam no sobrenatural uma resposta para seus questionamentos e dúvidas, acreditando que o mundo espiritual tem todas as soluções que elas necessitam. Com o I Ching, as coisas não são bem assim.
O Livro das Mutações não é somente um oráculo, mas também um oráculo. No ocidente, vários erros e abusos foram cometidos como resultado de uma visão estereotipada sobre ele. Na maior parte das vezes, a obra serve somente como um guia, mostrando qual direcção seguir ou indicando percalços e vantagens possíveis de cada caminho.
A busca por verdades espirituais é um desenvolvimento pelo qual todas as sociedades humanas já passaram. As ideias por trás das linhas que compõem os hexagramas demonstram isso. Crê-se que inicialmente uma linha inteira (––) que hoje representa a ideia do yang, significaria antigamente um 'sim', e uma linha quebrada (– –), yin, um 'não'.
Essas respostas serviriam para perguntas simples. No entanto, com o passar do tempo foi desenvolvido um conjunto de símbolos mais complexos, que iria culminar nos trigramas e, por fim, nos hexagramas. Os trigramas possuem nomes que refletem aspectos da filosofia chinesa do yin e yang: O Criativo, O Abissal, O Receptivo, O Incitar, A Suavidade, O Aderir, A Alegria, A Quietude. Ao se juntarem, eles compõem os 64 hexagramas que formam o corpo do I Ching.
Cada hexagrama traz um conjunto de explicações e conselhos com o intuito de ajudar a pessoa a achar o melhor caminho para suas acções. A interpretação correta dos hexagramas parte da ideia de que tudo está interligado: a terra, o homem e o céu têm de agir em harmonia para que seja possível atingir a harmonia entre a nossa vida e a de quem nos cerca.
A consulta tradicional do oráculo geralmente é feita com 50 varetas de milefólio (um tipo de árvore considerada mágica), mas envolve uma série de rituais que, se cumpridos rigorosamente, estendem o tempo de cada consulta para mais de uma hora — o que a torna cansativa e reservada apenas a determinadas ocasiões. O método mais comum entre os praticantes é o das moedas que, embora simples, permite obter facilmente o trigrama correspondente. Esse método consiste em escolher três moedas, que serão jogadas ao mesmo tempo. Cada lado terá um valor numérico que, ao ser somado, resultará na linha yin ou yang correspondente. Costuma-se atribuir o valor 3 (yang) para cara e 2 (yin) para coroa. Após 6 jogadas, o hexagrama estará formado e a resposta pode ser procurada no livro.
Esse conjunto de linhas pode revelar um ponto essencial no estudo do I Ching como oráculo. Quando uma linha do hexagrama contém em si somente o yang (3+3+3 = 9) ou o yin (2+2+2 = 6) diz-se que ela é móvel ou velha. Nesse caso, ela se transforma no seu oposto. Uma linha yin móvel passa a ser yang jovem, e vice-versa. Com isso, além do hexagrama inicial, temos a sua consequência ou rumo mais provável que os acontecimentos tomarão.
Na China, acredita-se que o oráculo nunca falha, respondendo sempre de maneira clara e concisa. Quando a resposta se mostra enigmática a culpa é de quem está consultando, pois não formulou a pergunta correctamente. Todas as barreiras para entender as respostas estão em nossa mente e, se não se consegue compreendê-las, a culpa é só nossa.
 
E por fim... A Filosofia do I Ching
Os princípios filosóficos contidos no Livro das Mutações estão de tal forma integrados à vida intelectual da China, que podem ser encontrados nas mais variadas formas de expressão cultural do país.
Como os habitantes daquele país sempre foram muito dependentes da agricultura, para eles é natural a necessidade de observar a mudança das estações, os períodos mais propícios ao plantio e, em especial, as relações entre o homem e o meio-ambiente. Essas exigências influenciaram também a filosofia contida no I Ching.
Inicialmente, a ideia do yin e yang foi elaborada com base nesses princípios. Sob a óptica das duas energias contrárias, os filósofos antigos podiam analisar e classificar o universo. O positivo, yang, o negativo, yin, formariam todas as coisas conhecidas ou ainda por conhecer. Essa noção surgiu em tratados filosóficos de pensadores de outros povos, mas na China ela foi um pouco mais longe. Acreditava-se que mesmo o yin ou o yang mais puro conteria em si a semente de seu oposto. Para os chineses, nada continua como está, pois o caminho da natureza é a mutação: a riqueza possui em seu cerne a pobreza, o progresso contém a semente da decadência, o orgulho traz a queda e assim por diante. Esse é principal ensinamento contido no Livro das Mutações.
A própria ideia por trás dos oito trigramas incorpora esse sistema. Na verdade, eles representam estados de transformação — a energia yang do Criativo se transforma no yin do Receptivo, e assim por diante. Nada no contexto do I Ching pode ser visto de forma isolada, mas como relações entre as forças e energias que compõem o homem e a criação.
Outro ponto exposto nas leituras do I Ching é que os acontecimentos nascem antes no plano das ideias, manifestando-se no mundo material somente após algum tempo. Isso foi exposto e adoptado pelos dois maiores pensadores chineses, Confúcio e Lao Tse, ideia que posteriormente seria abordada, embora com novo enfoque, por Jung nas suas argumentações sobre o inconsciente colectivo e a sincronicidade, derivadas de seus estudos do oráculo chinês.
Um factor interessante nas ideias do I Ching é a capacidade do ser humano mudar o curso dos acontecimentos. Na maior parte das culturas e religiões, o homem é visto como um mero espectador dos desígnios do destino. No Livro das Mutações ele é co-autor do destino, influenciando sua vida por meio do conhecimento das forças yin e yang, quando necessário.
O I Ching tem como objectivo maior conduzir o homem a uma acção harmónica com o Tao (o Caminho Real). Para tornar isso mais efectivo, ele fornece uma visão abrangente da vida e das experiências humanas, permitindo que o homem assuma a responsabilidades por suas acções e se torne seu próprio soberano. Há mais de três mil anos, o livro já apresentava uma abordagem da vida e das relações entre os seres que, no final do século XX, tornou-se comum e conhecida como a visão holística do universo. Muito antes dos autores modernos afirmarem que o homem deveria ser visto como um todo, os sábios chineses não apenas já conheciam o conceito, como tinham elaborado um caminho prático para isso.
O interesse do mundo ocidental no I Ching, começou com a tradução "Legge" em Inglês no final do século 19. Em toda a Europa, este trabalho, bem como o "Wilhelm" tradução alemã de 1923, são comuns a todas as línguas europeias. Nos Estados Unidos, a popularidade do I Ching começou na década de 1930 quando traduções mais literais e interpretativa começaram a aparecer. Mas a sua popularidade inicial deveu-se principalmente como um "jogo de salão". Na década de 1940 o I Ching começou a assumir importância significativa, como um livro de sabedoria, quando o eminente psicólogo suíço, CG Jung, abraçou os seus conceitos filosóficos. A precisão associada ao uso correto e aplicação do I Ching está promvendo um crescimento muito grande no interesse do conhecimento do I Ching, uma vez que é baseado na ordem natural e não requer energia psíquica. O I Ching também emprega horóscopos e numerologia em profecias, produzindo resultados que são fascinantes e realistas.
Note-se que o I Ching não é um conceito filosófico submisso, mas que espera que o consulente reconheça a situação ao invés de ceder às circunstâncias, tão necessário para evitar um desastre sobre si. Em aproximadamente 500 a.C Confúcio acrescentou o "Símbolos" e comentários ao I Ching, mas provavelmente nunca completou seu trabalho, ou uma parte substancial foi perdido. No final de sua vida ele foi citado como tendo dito: "Se eu tivesse mais 50 anos para viver, eu iria dedicá-los todos para o I Ching".
 
In “I Ching o Livro das Mutações” de Richard Willhelm

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

I Ching


HISTÓRIA DO LIVRO DAS MUTAÇÕES (I CHING, em chinês)
O I Ching, ou Livro das Mutações, apareceu na China há aproximadamente 3.000 anos, mas teve sua origem em formas oraculares ainda mais antigas, de uma época conhecida como “era mítica do Imperador Fu Hsi” (aproximadamente 4.000 anos a.C.), herói lendário considerado o fundador da civilização chinesa.
 
É um texto clássico chinês composto de várias camadas, sobrepostas ao longo do tempo. É um dos mais antigos e um dos únicos textos chineses que chegaram até nossos dias. Ching, significando clássico, foi o nome dado por Confúcio à sua edição dos antigos livros. Antes era chamado apenas I: o ideograma I é traduzido de muitas formas, e no século XX ficou conhecido no ocidente como "mudança" ou "mutação".
 
Na literatura chinesa, quatro sábios são citados como autores do Livro das Mutações: respectivamente Fu Hsi, Rei Wen, o Duque de Chou e Confúncio. Fu Hsi é uma figura lendária que representa a era da caça e da pesca, devendo-se a ele também o hábito de cozer alimentos. O fato de ser ele indicado como o inventor dos signos lineares do Livro das Mutações significa que lhes é atribuída uma tal antiguidade que antecede à memória histórica.
 
Segundo a tradição geralmente aceita, sobre o qual não temos motivo para levantar suspeitas, a atual compilação dos sessenta e quatro (64) hexagramas teve sua origem com o Rei Wen, antecessor da dinastia Chou. Diz-se que ele acrescentou breves julgamentos aos hexagramas durante o período em que esteve aprisionado por ordem do tirano Chou Hsin. O texto relativo às linhas foi redigido por seu filho, o Duque de Chou. Sob essa forma, e com o título de “As Mutações de Chou” (Chou I), foi usado como oráculo durante o período da dinastia Chou como demonstram vários antigos registros históricos.
 
Segundo a antiga tradição Chinesa, o inventor dos oito trigramas (pa-kua) que representam o fundamento do sistema do I Ching e dos quais derivam os 64 hexagramas, foi o primeiro lendário imperador Chinês que governou entre os anos 2852-2737 a.C.: Fu Hsi.
 
Este personagem doou às populações muitas invenções úteis e inovadoras para a época, como a pesca com a rede, a criança de vermes de seda e a oportunidade de domesticar os animais.
 
A mais importante entre suas invenções é a dos oitos trigramas e a consultação do oráculo por meio dos ramos de aquileia (Achillea millefolium). O segundo personagem que deu sua contribuição à composição do Livro das Mudanças foi Ching Wen, como vimos acima.
 
Conhecido como o fundador da Dinastia Chou (1150-249 a.c.) e grande escritor (seu nome significa “civilização ching” ou “escritura ching”), introduziu os 64 hexagramas, seu nome e significado (texto T’uan). Ching Wen escreveu seu livro durante a detenção ordenada por Hsin – o tirano, destituído a seguir pelo filho Wu. Foi ele que deu o nome ao “Livro das Mudanças”.
 
ORIGENS
 
O mais antigo método chinês de adivinhação do qual se tem notícia é a leitura de sinais em ossos de boi. Em geral, a omoplata do animal era colocada sobre o fogo e, depois de algum tempo, apareciam rachaduras no osso, provocadas pelo calor, que eram então lidas como a mensagem do destino. Desse método primordial – após o Imperador Fu Hsi ter visto uma tartaruga sair do rio - derivou-se o de queimar a carapaça (o casco) da tartaruga, animal sagrado para os chineses, símbolo da estabilidade e da longevidade. Exposta também ao calor, a carapaça rachava-se e o adivinho interpretava as linha que se tinham formado. Embora não exista nenhuma prova concreta, alguns estudiosos especulam que esse tipo de leitura de linhas originou a primeira forma de I Ching, constituída pelos oito Trigramas básicos, que alternam linhas inteiras (Yang) e cortadas (Yin).
 
O I Ching surgiu antes da dinastia Chou (1150-249 a.C.) e era um conjunto de oito Kua, figuras formadas por três e seis linhas sobrepostas. James Legge, na sua tradução para o inglês (1882), chamou trigrama o conjunto de três linhas e hexagrama o de seis, para distingui-los entre si.
 
Por volta de 1150 a.C., o Imperador Shang Chou Hsin, despeitado pela reconhecida capacidade de governar do Rei Wen, senhor da província de Chou, mandou aprisioná-lo. Enquanto estava preso, Wen empregou seu tempo elaborando os julgamentos que acompanham os hexagramas. Depois de um período de lutas, no qual a província de Chou se rebelou, o Rei Wen retirou-se do governo e foi sucedido pelo seu filho Wu, que derrotou a dinastia Shang, dando início à dinastia Chou. Wu, conhecido como o Duque de Chou, descobriu os estudos que o pai realizara sobre o I ching e, percebendo a importância cultural que continha, decidiu continuar a obra. Sua grande contribuição foram os 384 comentários das linha mutáveis (ou móveis).
 
Segundo a tradição, durante a dinastia Shang (c. 1766-1122 a.C.) e durante o primeiro período da dinastia Chou, o oráculo era consultado através de varetas de caule de milefólio. O adivinho jogava as varetas e obtinha um número par ou impar, que determinava se a linha era inteira ou cortada, depois de ter jogado seis vezes, o hexagrama estava formado.
 
Muito tempo depois (Século 6 a.C), o I Ching foi enriquecido com os comentários, atribuídos a Confúcio (adaptação ocidental do nome K'ong Fu-Tse) e alguns de seus discípulos. Posteriormente, Pu Shang, um seguidor de Confúcio, foi encarregado de difundir os conhecimentos milenares conservados no livro, formando-se então em torno dele toda uma escola filosófica, que produziu grande quantidade de textos anteriores, deram origem ao que atualmente é conhecido como as Dez Asas. Sobrevivendo às guerras, às várias dinastias e à queima das bibliotecas, o I Ching atravessou os séculos até chegar ao Ocidente em fins do século passado. No entanto, o Livro das Mutações ainda deveria esperar até 1923 para alcançar uma tradução à altura de seus méritos. Nesse ano, depois de longas pesquisas, o sinólogo Richard Wilhelm deu a conhecer sua tradução para a língua alemã da grande obra chinesa.
 
Atribui-se a Confúcio (Kung Tzu, 551-478 a.c.) a escritura dos Comentários e parte dos Apêndices do “Livro das Mutações” ou “O Livro das Mudanças”.
 
À idade de 50 anos, Confúcio declarou: “Se o céu me pudesse dar outros 50 anos de vida, os dedicaria ao estudo do I- Ching e quiçá então aprenderia a manter-me afastado dos problemas”. Confúcio escreveu dez comentários sobre este clássico, chamados “As Dez Asas”, transformando um texto de predições numa das melhores obras da filosofia.
 
Já com idade avançada dedicou-lhe um intenso estudo, sendo muito provável, que o Comentário sobre a Decisão (T’an Chuan), seja trabalho seu. O Comentário sobre a Imagem também reporta a ele, ainda que menos diretamente. De um terceiro tratado, um importante e detalhado comentário sobre as linhas, compilado por seus discípulos ou sucessores sob a forma de perguntas e respostas, restam apenas fragmentos. (Alguns encontram-se na seção intitulada “Wên Yen” – Comentário às Palavras do Texto -, outros estão no “Ta Chuan” – O Grande Tratado).
 
Desde então o livro do I Ching foi a inspiração também para os sucessivos Taoistas, como Chuang Tzu e Lao Tzu, e para diferentes filósofos e científicos.
 
Repito, dentre os seguidores de Confúncio parece que foi principalmente Pu Shang (Tzu Hsia) que difundiu o conhecimento do Livro das Mutações. Com o desenvolvimento da especulação filosófica, como se vê no “Ya Hsueh” e no “Chung Yung”, esse tipo de filosofia exerceu uma influência cada vez maior na interpretação do Livro das Mutações. Toda uma filosofia se desenvolveu em torno do Livro, do qual fragmentos – alguns antigos, outros mais recentes – encontram-se nas chamadas “Dez Asas” (Coletânea de Tratados referentes ao I Ching). Elas diferem muito entre si quanto ao conteúdo e valor intrínseco.
 
O Livro das Mutações escapou ao destino dos outros clássicos na época da famosa queima de livros ordenada pelo tirano Ch’in Shih Huang Ti. Caso houvesse algum fundo de realidade na lenda de que esse incêndio seria o único responsável pela mutilação dos textos dos antigos tratados, o I Ching, pelo menos, deveria estar intacto; mas não é esse o caso. Na verdade, as vicissitudes dos séculos, o colapso das culturas tradicionais e a mudança no sistema de escrita é que são responsáveis pelos danos sofridos por todas as obras da antiguidade.
 
Os livros de bambu e seda viraram fumaça, arruinando o nome do imperador. No rio eles guardavam em vão reino do dragão imperial. Mesmo antes que as cinzas tivessem esfriado, uma rebelião eclodiu em Shandong - Liu Bang e Xiang Yu, ao que parece, não leu os livros. - Zhang Jie (836-905)
 
Notas: Este poema refere-se à famosa queima de livros ordenados por Qin Shi Huang (ou Ch’in Shih Huang Ti), o primeiro imperador da China, em 213 a.C., a fim de suprimir a dissidência e destruir os escritos de todas as escolas de pensamento, exceto para os legalistas (Fajia??). Livros na época eram escritos em tiras de bambu ou rolos de seda. A ironia é que as rebeliões camponesas e revoltas militares que derrubaram o Império Qin apenas sete anos depois (206 a.C.), foram conduzidos por homens de ação que não estavam interessados em "livro-aprendizagem", como Xiang Yu, um alto general, e Liu Bang, um oficial do Exército que se tornou o fundador do Han de Qin Shi Huang, Tiananmen Wax Museum, em Pequim.
 
O I Ching escapou à grande queima de livros feita pelo tirano Ch'in Shih Huang Ti, no tempo em era considerado um livro de magia e adivinhação, o que levou a escola de magos das dinastias Ch'in e Han a interpretá-lo segundo outras visões “A doutrina do yin-yang” foi sobreposta ao texto. O sábio Wang Pi veio a resgatá-lo como livro de sabedoria mais tarde.
 
Filosofia e Cosmologia no I Ching
 
As oito figuras que formam o I Ching estão na base da cultura que se desenvolveu na China durante milênios. Para os chineses a ordem do mundo depende de se dar o nome correto às coisas, portanto o significado de "I" sempre foi objeto de discussão. Alguns vêem o ideograma I como semelhante ao desenho de um camaleão, representando o movimento (como o lagarto) e a mutação (como o mimetismo do camaleão). Outros afirmam que o ideograma é formado pelo do Sol em cima e o da Lua embaixo, a mutação sendo simbolizada pelo movimento incessante destes astros no céu.
 
Os versos do I Ching foram transmitidos por sucessivas gerações de estudiosos até o século 17 a.C, quando foram anotadas em tiras de bambu. No século 12 a.C, o rei Wen escreveu os primeiros comentários sobre o trigramas do I Ching. Ao longo do tempo, o Rei Wen, seu filho e Tan o Duque de Chou continuou a trabalhar sobre o I Ching e é o que Duke está creditando com ajuste de dois trigramas uma sobre a outra para fazer um hexagrama .
 
Muito mais tarde, o imperador Chin proibiu centenas de livros sobre religião e filosofia. E, mais tarde foi Hitler, Stalin, o Khmer Vermelho de Mao Tze Tung e, o I Ching que estavam na lista do conhecimento proibido. Apesar de tudo, sobreviveu e foram transmitidos oralmente pelos ciganos, que tinha a vantagem de nunca ficarem em qualquer lugar por tempo suficiente para ser controlado por nenhum governo. Durante a última dinastia imperial, que durou de 1644-1912, as raízes originais do I Ching foi mais uma vez descoberto e estudado, e desta vez eles permaneceram na impressão. Os comunistas chineses desaprovou a adivinhação chinesa , considerando-os superstições inúteis, mas eles perceberam que era tarde demais para bani-las totalmente.
 
O I Ching ou Livro das Mutações, é um texto clássico chinês composto por várias camadas, sobrepostas ao longo do tempo. É um dos mais antigos e um dos únicos textos chineses que chegaram até nossos dias. Ching, significando clássico, foi o nome dado por Confúcio à sua edição dos antigos livros de conhecimento. Antes era chamado apenas I : o ideograma I é traduzido de muitas formas, e no século XX ficou conhecido no ocidente como "mudança" ou "mutação".
 
Para o pensamento chinês, não há o que mude, há apenas o mudar. A mutação seria o caráter do mundo. Mas a mutação é, em si mesma, invariável, ela existe sempre. Portanto, "I" significa mutação e não-mutação. Subjaz, à complexidade do universo, uma 'simplicidade' que consiste nos princípios que estão por detrás de todos os ciclos. Ao fluir com as circunstâncias evita-se o atrito e portanto a resistência: esse é o caminho do homem sábio.
 
Tanto o taoísmo como o confucionismo, as duas linhas da filosofia chinesa, beberam da fonte do I.
 
Tudo que ocorre no céu e na terra tem sua imagem nos oito trigramas, que estão continuamente a transformar-se um no outro. Têm várias camadas de significados, e representam processos da natureza. São, portanto, o mundo arquetípico, ou o mundo das idéias de Platão. É usada para ilustrá-los a analogia com a família:
•o pai é forte
•a mãe é maleável
•os três filhos são as três fases do movimento: início, perigo e repouso
•as três filhas são as três etapas da devoção: suave penetração, clareza e tranquilidade
 
Em Heráclito (filósofo pré-socrático grego), e mais tarde na dialética européia, encontramos os ecos da fluidez que é a base do I Ching.
 
Já vimos que, a origem dos 64 hexagramas é atribuída a Fu Hsi, o criador mítico chinês, e até a dinastia Chou eles formavam o I. Os oito trigramas têm nomes não encontrados em chinês e a sua origem é pré-literária.
 
O tempo obscureceu a compreensão das linhas, e no começo da dinastia Chou surgiram dois anexos: o Julgamento, atribuído pela tradição ao rei Wên, e as Linhas, atribuídas a seu filho, o duque de Chou, ambos fundadores desta dinastia.
 
Mais tarde, mesmo o significado destes textos começou a ficar obscuro, e no século VI a.C. foram acrescentadas as Dez Asas, que a tradição atribui a Confúcio, embora seja claro que a maioria delas não pode ser de sua autoria. O nome "I Ching" é dado ao conjunto dos Kua e todos os textos posteriores.
 
Houveram várias traduções do "I Ching" para línguas ocidentais, algumas claramente desrespeitosas, tratando a cultura chinesa como primitiva. A tradução de James Legge fez parte da série Sacred books of the East (Livros sagrados do Oriente), e foi traduzida também para o português.
 
Richard Wilhelm traduziu o I Ching para o alemão ao longo dos anos em que viveu na China, inclusive durante a invasão japonesa, quando a cidade em que estava foi cercada. Teve o apoio de um velho e sábio mestre, Lao Nai Suan, que morreu ao ser concluída a tradução. A edição alemã é do ano de 1923. Wilhelm traduziu também outro clássico chinês, o Tao Te Ching.

In “I Ching o Livro das Mutações” de Richard Willhelm